Da janela de seu quarto podia avistar uma grande nuvem.
A chuva parecia ser um prenúncio de momentos reflexivos.
Decidiu sair de casa.
Sentir essa chuva de perto.
Andava de cabeça baixa e podia ver diante de seus olhos a correria das pessoas.
Enquanto uns fogem, outros vão ao encontro de alguém ou de algo.
A expressão impaciente das pessoas o fazia querer aproximar-se.
Falar-lhes que hoje elas poderiam se libertar.
Do que quisessem.
Poderiam deixar as preocupações de lado ao parar de questionar.
Ele havia decidido enfrentar por não mais querer perder tempo.
Os primeiros pingos caíam gelados e tímidos.
Olhou pra cima e pode contemplar milhões de pingos em diferentes posições caindo ao encontro da terra.
Era um lindo balé, onde nenhum dos participantes errava.
Nenhum toque.
Nenhuma discussão.
A harmonia da natureza acabara por sensibilizá-lo.
Era a hora do adeus.
Hora de dizer adeus a atrasos.
A desencontros.
Andando pela rua, percebia que olhares o perseguiam.
Sentia que lhe questionavam por andar na chuva, como se nada estivesse acontecendo.
Seu olhar buscava pessoas que fugiam da chuva ao tentar se abrigar onde pudessem.
Realmente seria a hora do adeus.
Da última saudação ao que lhe preocupava naquele dia.
De si mesmo.
Queria mais razões.
Suas escolhas erguiam paredes de dúvidas.
Escolhas sem razão.
Muito do que aconteceu não foi desejado.
Queria coisas que não acontecem.
Sonhava.
Vivia sonhando.
Como se andar na chuva resolvesse tudo.
Sentia-se melhor.
Dessa forma, havia resolvido algo.
Um comentário:
"Vivia sonhando.
Como se andar na chuva resolvesse tudo.
Sentia-se melhor.
Dessa forma, havia resolvido algo."
Lindo desfecho... para uma chuva de palavras... sinto-me tocada por cada gota que pode cair sobre mim...
Muito bons seus textos!
Abraço!
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